Obstinações desajeitadas

16:59

Ela queria sempre perceber a raiz das intenções. Depois, bastava-lhe o que surgia com espontaneidade. Sem data marcada e sem circunstâncias planeadas.

A outra nunca se questionava sobre aquilo que era óbvio para os seus olhos. Não fantasiava. Achava que tudo o que acontecia era opaco, como as meias de Inverno.

Ela queria mergulhar conscientemente nas coisas emotivas para, depois, vivê-las desenfreadamente. Sem imprevistos e sem rodeios.

A outra rejeitava projectar o amanhã que fosse além do agora. Sorvia emoções que lhe rasgavam os pulmões e descansava sem pensamentos.


Ela só conseguia ser feliz com as coisas invulgares e parcelas irrelevantes. Podia até ser um silêncio cúmplice ou um pedaço de papel esquecido no bolso do casaco.

A outra só via a felicidade quando tudo seguia os padrões comuns, quando nadava na normalidade, na dela e na dos outros.

Em caminhos divergentes, a obstinação era a mesma.

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