Pular fora
15:34
Não consegues escapar desse labirinto de fonemas ruidosos, palavras dúbias e gestos incertos em que te iludem. É nesse cárcere anímico que te desfalecem as vontades, as ambições, as expectativas.
Deixa a firmeza desse chão que pisas, descalço, e salta. Foca-te no impulso, sente a adrenalina e vê superiormente o que te sufoca.
Aproveita essa brisa que
sopra acima de ti e que passará como um vendaval pelas gavetas entreabertas que
escondes dentro.
Vão esvoaçar os suspiros entalados em cartas, as expressões
postiças das fotografias, os entusiasmos improvisados em bilhetes, as promessas remotas.
Sentir-te-ás, então, ainda mais perdido e vazio.
Só nesse salto (a que não te atreves) é que deixarás de te envolver.
Só nesse salto (que tanto temes) é que sacudirás as cumplicidades moribundas.
Só nesse salto (que negas) é que conseguirás libertar-te das encruzilhadas onde te aprisionaram.
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