Bom dia computador!

21:35

O despertador toca. Um som irritante e impertinente. Olho as horas de relance. Um pestanejar lento. As pálpebras mais pesadas que a vontade... Vou tomar banho para acordar. Pequeno-almoço preparado. Brindo-o com um sorriso fechado, de quem não tem muito tempo para o saborear. Subo as escadas a correr. Abro apressadamente a porta do quarto e sento-me. Ligo o computador e espero impaciente até que o ecrã se ilumine. Preciso de trabalhar, mas tenho tanta preguiça... Depois de uns minutos iniciais de "adaptação", os restantes foram monótonos e repetitivos: cada clique no rato correspondia a uma acção no monitor. A responsabilidade de cumprir prazos fez com que esta interacção matinal com o computador se prolongasse até de madrugada.
Os minutos correm atrás do ponteiro das horas. As refeições foram ingeridas rapidamente, no entanto, em compensação, concedi-lhes uma digestão sedentária em frente ao computador. Ao final da tarde, o telemóvel toca. Alguém queria libertar-me daquela escravidão da máquina... Mas eu resisti. Não podia abdicar da tão agradável e impessoal companhia do meu computador. Mais uma acção cancelada, uma nova janela a informar que está a executar a tarefa... e breves segundos para olhar para a janela e saber que está frio lá fora...
Pois é, assim se passou o fim-de-semana. E o que me inquieta é que vão passar muitos dias como este, em que a máquina ditará a minha agenda, executando todas as tarefas possíveis para me manter diante dela, perguntando se quero que envie o relatório de erros para prender permanentemente a minha concentração, abrindo inúmeras janelas virtuais para captar a minha atenção e cancelando todas as formas de passar um dia diferente, bem longe dela... É segunda-feira e estou cansada. Porém, fico exausta só de pensar que amanhã terei que dizer outra vez "bom dia" e ouvir como resposta o som do PC a ligar.

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