Dúvidas da Certeza
13:00Avança sorrateira. Solta-se das barreiras da racionalidade. Ultrapassa o controlo. Cautelosa, invade e vai-se instalando. Até que, por fim, se acomoda como se já estivesse perfeitamente à-vontade em casa alheia.
Como tentáculos opressores, ela agarra a tua segurança e explora as suas brechas, dilatando-as paulatinamente, quase à passagem desesperante dos minutos. Percorre as teus dedos entrelaçados, o teu olhar de soslaio, as tuas pernas cruzadas numa tensão evidente. Ela foi atirada contra ti com toda a velocidade e quase foste obrigada a abraçá-la.
Sabes que só precisas de vencer o medo de ouvir uma resposta. Será o suficiente para a veres esfumar-se algures e regressares ao equilíbrio volátil dos dias incertos. Estás sentada com as costas direitas, os pés descalços e o coração a agonizar os sobressaltos.
A noite espreita pelo cortinado desviado, enquanto ela, preventivamente, te olha de frente para te intimidar. Tentas expulsar para longe essa incerteza que agora vive em ti.
0 apontamentos