Voos inefáveis
16:20De ti não quero mais do que as cumplicidades que chegam com a manhã. Enfeitamos as palavras com gargalhadas antes de partirmos para as cruzadas do quotidiano.
De mim não terás menos do que uma ternura disfarçada. Erguemos os ideais e abanamos os pilares para nos orgulharmos com a sua solidez.
Do armário de duas portas, puxamos os extractos das importâncias por saldar nos dias de ausência. Descrevemos as circunstâncias das transacções, lamentamos a falta de honra nos negócios, acreditamos numa responsabilidade social que se executa no singular.
Nesses detalhes que escapam aos demais, há um cruzar de olhares, espontâneo e tácito, que veste as certezas.
E saudade é, afinal, esse abraço no vazio que fica daquilo que deixámos para trás.
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