Segredos confiados

06:58

Sabes? Tenho saudades nossas. De quando éramos mais novos e discutíamos sobre futebol. De quando corríamos na direcção das coisas que queríamos, sem medo de as alcançar. De quando tentávamos vencer nas quezílias da vizinhança. De quando cometíamos inconfidências recíprocas. De quando desconhecíamos que, um dia, teríamos que resumir a nossa amizade a encontros pontuais, esquivos, quase semianuais.

Hoje admiro-te, sobretudo por teres vingado pela humildade. Esse raro dom atirado para a valeta dos princípios menores. E sorrio porque te vejo do mesmo tamanho de antes: grande no meio de anões.


Continuas a cumprimentar a senhora que faz a limpeza, a apertar a mão ao segurança que, gentilmente, te abre o portão, a falar sem defesas e a dar-te sem reservas.

Amanhã, terei ainda mais orgulho em ti, porque conservarás intacta essa simplicidade no ser e no querer, essa paciência e persistência na procura do melhor, essa tentativa constante de alcançar novas metas, essa ânsia de conhecer sempre mais uma pessoa ou mais um lugar. E percebo, então, que talvez venha a ter ainda mais saudades de mim quando conseguia ser contigo.

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