Era demasiado ou foi demasiado?
16:23Pondero. Opto. Repenso. Não sei que tempo utilizar para falar desse tempo eternizado.
As histórias escritas no pretérito imperfeito remetem-me sempre para os contos que se lêem às crianças, vendendo-lhe ilusões de que tudo é perfeito e, mesmo quando termina, há a certeza de um final feliz.
Pois bem, por outro lado, o termo alternativo lembra a acção fechada, sem qualquer emoção, resumida a um momento exacto que se furtou até a lembranças posteriores.
Escrevo. Releio. Apago. Sei bem que ainda não é tempo para dar esse tempo como passado.
As histórias que justificam a perdurabilidade têm enredos cativantes, pormenores inesperados, sentimentos inusitados, protagonistas incomuns.
Lembro-me das palavras que um dia tomei como norma. Falavam da necessidade fulcral de prender, desde logo, quem as interpretava.
Tornou-se evidente que a fasquia era demasiado alta, mas a facilidade com que se alcançou era estonteante, ao ponto de não ter deixado margem para inventar outras maiores ainda.
Quando, enfim, as circunstâncias obrigaram a redefinir os desejos foi demasiado óbvio a impossibilidade de conviver, resignadamente, com a linearidade. Sim, recupero a técnica da espiral…
E será sempre demasiado presente que não há tempo que mude isso.
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