Vereda
04:10Olho-te nos olhos. Sem me desviar um milímetro. Com a intensidade de quem procura um segredo quase esquecido. Olho-te nos olhos para me ver. Sem escalas. Sem graduações de cor. Só luz sombria, palavras inacabadas, suspiros contidos.
Vejo, então, que os teus (meus) passos de antes conduziram a nenhures. Vejo, com uma absurda nitidez, a sola gasta e os músculos cansados. Vejo, recortada nas tuas costas, essa alameda que te traz e te afasta deste chão firme. Vejo, sem premonições, as encruzilhadas onde despedaças os sonhos.
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