6.23.2007

Aprendizagens…

Demoramos demasiado tempo a conhecer (verdadeiramente!) os aspectos menos bons das pessoas que nos são próximas, mesmo que elas não se esmerem em tentar disfarçá-los. Quem nos rodeia e enche de si devolve-nos a convicção de que está efectivamente a caminhar ao nosso lado. Porém, com o tempo a fluir e ao menor percalço percebemos que, quando muito, as pessoas caminham ao nosso lado afastados de nós.

Se a vida nos fere e nos trai, ainda que destroçados e angustiados, reunimos coragem para olhar para trás e entendemos que, afinal, não temos mais do que uma sombra distante dessas pessoas. Percebemos que nos temos a nós e possivelmente um pouco delas. Os passos que damos daqui para a frente são também mais conscienciosos. Na verdade, não há ninguém a seguir o rasto que vamos inscrevendo por onde passamos.

Quando aqueles que gostamos se revelam menos presentes e menos zelosos do que seria suposto, é apenas um sinal de que talvez nunca tenha sido diferente… O que presumíamos existir, se calhar nunca deixou de ser fictício. E mesmo assim acabamos por acreditar estupidamente. Gostava de poder desdizer tudo o que escrevi, mas tenho tido oportunidades flagrantes para o atestar e bem menos para o refutar.

Nos momentos em que as palavras nos enchem o coração e os actos esvaziam a alma não fará muito sentido acreditar no que nos dizem, mas tão somente no que se faz. O silêncio puro é aquele que não peca por hipocrisia e insinceridade, por isso porque o desrespeitamos?

1 comentário:

  1. “Demoramos demasiado tempo a conhecer (verdadeiramente!) os aspectos menos bons das pessoas que nos são próximas, mesmo que elas não se esmerem em tentar disfarçá-los.”

    Muitas vezes o conceito tempo é algo muito subjectivo, de tal forma que muitos dos homens, melhores do que eu, o tentaram explicar e domar ao longo dos séculos, com pouco sucesso e muito suor.
    Estagnar de vez em quando, não será uma perda de tempo e talvez seja este lapso que nos permite, em muitas das circunstâncias acertar o ritmo do nosso coração e ajustá-lo à vida que tanto dele exige. Muitas vezes até o seu sangue.
    Também a mim me faz falta essa perfeição da alma que nos devia possuir a todos em todo o momento.
    Quase sempre quando a vida nos trai, (entenda-se pessoas) mergulhamos na desilusão e na fobia e passamos semanas nesta confusão, entre a velocidade sufocante e a lentidão de agonias e precisamos de abrir buraquinhos tal como os bichos de seda.
    Andar na rua por vezes lembra-me entrar num palco e por lá andar a remoer angústias e luzes. No entanto não mudo por as coisas mudarem à minha volta. Tento encarar isso com a tranquilidade que as pessoas merecem. A vida rápida é complicada e eu poderia encher páginas de vazios porque a diversidade assim o exigiria.
    Mas a vida é isso mesmo, esse insólito caminhar, e lentamente vamos compreendendo quão grande é distância entre a precariedade da repressão e o imenso sabor da liberdade.
    Pelas rotas que formos capazes de inventar através da nossa loucura, aprenderemos que não estamos sós, e que a palavra gesto que tanto reprimimos e pisamos será talvez o insólito começo do difícil despertar para as únicas razões que valem a pena. Serão estes novos caminhos nunca antes calcados, que serão a água para o fogo do nosso desespero, a tranquilidade para as horas de sono perdidas.
    Aprendi a viver com o frio, calor, vento, neve ou chuva e isso basta-me, até porque ser feliz impõe sacrifícios e discernimento para distinguir quando alguém nos diz dar o coração para nos roubar a liberdade.
    “Quando aqueles que gostamos se revelam menos presentes e menos zelosos do que seria suposto”, apenas estávamos iludidos, julgávamos ser donos das coisas, dos instantes e dos outros, e acreditamos que perdemos tudo o que nunca tivemos, mas na realidade as ilusões resumem-se ao facto de pensarmos de que tudo podia ser nosso eternamente.
    Acredito que,” a eternidade é uma permanência da força que esta dentro de nós”, procuremos então essa força.
    O melhor é parar por aqui, e acabar a minha Super Bock, provavelmente a melhor cerveja do mundo, quando bebida com alma no deserto e o desespero nas mãos.”O silêncio puro é aquele que não peca por hipocrisia e insinceridade, por isso porque o desrespeitamos?”
    Simplesmente o não cumprimos porque “ não podemos adiar o coração.”

    mike

    ResponderEliminar