11.19.2011

Analepse

Invocara a natureza das coisas para se contentar com a imperfeição, com o suficiente, com o regular.

Tudo se tornara mais distanciado do seu sentido primordial. Havia rendições ténues e a paz era mais consentida do que experimentada.

Esvaíra-se a paixão desafogada com que se entregavam às tarefas comuns e havia simulacros de sorrisos disfarçados.

Nada se esperava mais próximo do que uma conversa entre vizinhas no momento em que, das respectivas janelas, sacudiam a poeira dos tapetes.

Acumularam-se contradições e desenganos à velocidade galopante do irracionalismo emocional. Foram sobrando silêncios povoados.

Existira cansaço de se verem desaparecer nas memórias quentes para, de seguida, se encontrarem nas cinzas das mágoas adormecidas.

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