Miúdas, as gotas

12:02


Este cheiro que fica depois da chuva cair na estrada deixa-me a lembrança do teu riso quando ecoava nessa praça das pombas. Espenicavam os paralelos desaustinadas. Sem tino nem norte, desejávamos poder voar como elas.

Naquele tempo, havia brio de sermos diferentes das mentes amorfas que nos rodeavam. Questionávamos muito. Sorríamos demasiado, mesmo nas manhãs nebulosas. Cultivávamos essa humilde ingenuidade.

Hoje, haverá algum ressentimento incandescido por não sermos iguais a tudo o resto, porque continuamos a interrogar-nos imenso. No entretanto, fomos desistindo desses ideais inocentes.

Continuamos a sorrir, mas quantas vezes como máscara de noites mal dormidas, de problemas insolúveis, de frustrações enxotadas...

Acho que aprendi a gostar deste cheiro a posteriori, à distância, com racionalidade.

You Might Also Like

0 apontamentos

Total de visualizações

Procurar no blogue