Por agora queres apenas acreditar num milagre!

Será que estás aí, desse lado? Percebo agora o teu pedido desesperado contido na ordem: "faz qualquer coisa!". De facto, isso ultrapassa-te e nada podes fazer. Sei que desejas que aquilo que, agora, sentes não se esfume como nevoeiro no final de uma manhã cinzenta.

Não sei porquê, mas há algo em mim que me diz que devo acreditar na improbabilidade desse milagre acontecer contigo. Parece que sinto mãos invisíveis a empurrar-me para essa convicção. Noto o teu esforço de colocares em prática o que sempre te disse, também sei que não estás a conseguir porque há algo a dificultar... Alguém te põe obstáculos e tentações à frente com uma frequência que parece tudo menos acidental. Andará por aí alguém a brincar aos dados contigo?

Será que estás aí, desse lado? Então faz lá esse milagre (eu acredito que é possível acontecer!). Nestas alturas, percebo o quanto gostarias de esquecer os raciocínios lógicos, as deduções matemáticas, as dissertações hipotéticas, mas para isso precisavas que te garantisse que tudo não passa de uma grande erro que só será descoberto no penúltimo capítulo, ainda a tempo de rescrever o final da história ou a tempo de colocar um ponto final a tinta permanente e traçar um novo início.

Será que estás aí, desse lado? Podias ao menos não acreditar nestas esperanças desesperadas de quem quer aquilo que já não lhe pode pertencer.