7.27.2007

No momento da despedida…

Vais e vens. Sais e voltas. Desta vez, sei que não haverá retorno ao ponto de partida. Olho o relógio e deixo-me ficar sentada, com as emoções no colo. Recupero as vezes que perguntaste e não esperaste para ouvir a resposta. Antes não conseguias esconder o desinteresse, agora só não o exibes a muito custo.

Do meu lado, sinto um alívio difícil de definir (e dói-me admitir a sua existência!) no mais íntimo de mim. Na verdade, a progressão dos factos mais mesquinhos fizeram com que tudo tomasse este rumo triste e irreversível. Culpas? Não serão repartidas! Arrependimento? Não me parece que o sintamos. Tristeza? Essa sim é bastante sentida da minha parte. Saudades? Talvez fiquem algumas.

Cada palavra que é dita move-se entre a falsidade e a fúria comedida. Cada comportamento forçado não oculta a sua origem. Cada olhar evitado mostra o ar bélico que deixámos instalar neste terreno neutro. Não sou capaz de entender porque tinha que ser assim, porém recuso-me a fazer um esforço para perceber.

Cansei-me de zelar pelas permanências flutuantes. Sabes, aquelas que, por algum motivo, estão presentes e, no momento a seguir, também por uma razão que não se procura, deixam de estar. Para nós chega assim ao fim, da forma mais vergonhosa que alguma vez julguei ser possível.

Custa-me muito admitir que tenha que ser assim. Não foi preferível, foi apenas a única situação que tu me deixaste como alternativa. Magoou-me o teu alheamento face à minha dor, dilacerou-me a leviandade com que forjaste um retorno à normalidade que se quebrou sem sequer te aperceberes disso.

Curioso que depois de tanto tempo, depois de tanta partilha e sinceridade, tudo termine desta forma fingida e fria. Quando começamos a desinteressar-nos, não é porque deixamos de ter tempo para essa pessoa, mas talvez porque ela já não justifique o nosso tempo. Não sei se se trata de merecimento ou desmérito, nem me preocupo com isso.

Nada faz muito sentido quando partes com uma determinação de gestos que dói, numa indiferença que abre feridas, cujas cicatrizes serão disfarçadas pela plástica do tempo. Eu já não espero no cais para te ver partir. Tu esqueceste-te de transportar a mala que a tristeza e a desilusão encheram. E quando tudo se precipita para a partida, levanto-me e sigo em frente, pois nesta hora da despedida, já sou capaz de não olhar para trás!

2 comentários:

  1. "Que fica de quem passa? Um eco de mágoa / ao ouvido da tarde? Uma pausa de palavras / na frase do instante? Uma interrupção de passos / a caminho da porta? Um sal de sentimento / no coração da amada? A vida esfarelada / numa dissipação de rumos? Ou um peso / de esquecimento na sombra da memória?

    (...)

    Balanço, Nuno Júdice (2006)

    Palvras duras. Mas claras!

    Bom blog!

    bB

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  2. Não sei onde vais buscar tanta magia para estes textos...
    Apesar do assunto ser triste, gostei da maneira como escreveste ;) Ate fico sem palavras! lol Pq acho q estou smp a dizer o mm... Mas é msm a verdade! Tu escreves mm mt bem!! =) E nunca desvalorizes o teu trabalho nem as tuas capacidades! ;)

    "Se algum dia alguem te disser que o teu trabalho não é o de um profissional, respondes q amadores construiram a arca de Noee profissionais o Titanic" ;) E agr entende bem estas palavras eheh

    Bjo grande***

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