11.03.2007

Melancolia outonal

Espero por mim sem a impaciência habitual. Atraso-me de propósito ou cancelo sem propósito. Afasto-me devagar da vertigem do sentir. Domino a vontade corrosiva. Agarro a possibilidade quimérica. Finjo ver o sol atrás dos óculos escuros. Deslumbro-me com o prazer ímpar das coisas simples. Desamarro as complexidades do encadeamento ilógico do raciocínio abstracto. Evaporo o peso das obrigações voluntárias. Liberto-me das contrariedades institucionalizadas pelas conjunturas. Acredito que sou capaz de me ajustar aos momentos confusos. Esqueço as mentes que se vitimizam sem terem sofrido. Minto para os tolos que preferem repelir as evidências. Arrasto o optimismo para a fadiga dos dias. Levanto os pés e pulo com esforço. Alegro-me com os sorrisos amenos de um Outono inundado de sol retardado. Vicio a expectativa entusiasmada. Ergo a bandeira da insistência até a enterrar no lugar inexplorado. Abro a janela do meu luar cansado. Disparo sonhos na direcção longínqua do querer. Queimo as mágoas e volto a plantar esperanças, só para sentir o doce sabor da sua existência fugaz.


4 comentários:

  1. "Desamarro as complexidades do encadeamento ilógico do raciocínio abstracto." , encadeamento ilogico, raciocinio invalido.. será isto? lool

    nao gosto nd do outono =S
    É tudo tao preguiçoso e triste...

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  2. Tudo isto, sentada num banco frio e duro de jardim, vendo as folhas de tons acobreados caindo leve e suavemente na sepultura de terra escura que o Outono proporciona...

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  3. "Espero. Afasto. Agarro. Finjo. Deslumbro. Evaporo. Liberto. Acredito. Esqueço. Minto. Arrasto. Alegro. Vicio. Ergo. Abro. Disparo. Queimo".

    Uma escrita que continua a queimar. Viva.

    Boa escrita, bB.

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  4. porque..."a vida é feita de pequenos nadas"...e porque a pequenês de alguns nadas paradoxalmente nos obriga a torná-los bem maiores!!
    beijinho
    Melani

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