Ainda há professores que são mestres
15:56“O aluno a quem nunca se pediu para fazer o que não é capaz, nunca faz aquilo que realmente consegue fazer.” (John Stuart Mill)
Até hoje, no meu já longo percurso escolar, posso afirmar que tive poucos mestres na acepção destas citações. Poucos foram os que se preocuparam em nos munir de conhecimentos e capacidade de improvisação, pois estavam demasiado aflitos em escrever um número à frente do nosso nome, no final de cada período de avaliação. As pautas nunca representam a verdadeira capacidade de esforço ou a falta dele. As notas nas pautas são tão enganadoras quanto as ilusões de óptica.
Lembro-me que tive bons professores, competentes e empenhados. Contudo tive apenas um ou dois que eram verdadeiros mestres, cuja sabedoria lhes permitia perceber que o mais importante não é exigir o conhecimento integral e literal do que os livros professam, que valorizavam a habilidade de contornarmos as dificuldades com perícia, que nos ajudavam a descobrir o conhecimento, numa autodidaxia ajustada a cada um.
Estes professores não entendiam o termo “justiça” na atribuição das notas como a soma de dois valores obtidos em provas escritas. A nota era sempre o somatório disso e do que os outros colegas se alheavam de tentar captar: o desenvolvimento intelectual e, em paralelo, o desenvolvimento pessoal.
Afinal a escola não é apenas o local onde se aprende a escrever, ler e contar. A escola é a instituição onde passamos largos anos da nossa vida, é o espaço que nos acolhe e nos faz crescer, é a responsável por grande parte daquilo que somos, é nela que aprendemos as regras do comportamento cívico, que construímos a nossa cidadania. Fazemos da escola um trampolim para alcançar os nossos objectivos. Contudo a escola é também o cenário de muito desânimo, cansaço e, sobretudo, frustração quando não encontramos nos professores os mestres mas os professores armados em mestres.
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