A avidez de novos horizontes traduz-se, na maioria das vezes, na alternância entre um gesto ousado, uma atitude convicta e um sorriso perfeito perante os constrangimentos dos dias cansados de si, exaustos das horas demoradas, sôfregos de instantes puros, pontuais, profundos. Desejos de plenitude debatem-se com a crueldade de realismos doentios. Os sentimentos entregues às interpretações do silêncio, na confusão das necessidades inadmissíveis. Tranquilidade extinta. Paz de espírito derrubada pela magnitude do que não está, por enquanto, ao nosso alcance. E os sonhos, essa única forma inteligente de equacionar a vida, continuam ali, inversamente proporcionais aos medos e dúvidas de conseguir alcançá-los.
Caros visitantes,
sei que este post já vem um pouco desactualizado, mas não tive oportunidade antes. De qualquer modo, as fotografias valem por si em qualquer altura do ano! Aqui ficam algumas imagens daquele que é considerado o Entrudo mais típico de Portugal: o Carnaval de Lazarim (no concelho de Lamego).
Na noite em que retomo a escrita desimpedida de deadlines, o entusiasmo de volta à ponta dos dedos, ritmado por uma música serena que alguém me enviou. Ouço-a e aprecio-a! Às vezes, apetecia-me ser livre de mim mesma. Poder evadir-me dos medos e das ansiedades. Poder poupar-me aos pequenos, mas lancinantes sofrimentos. Gostava de estar dos dois lados conforme a minha própria conveniência.
Como gostava de me refugiar fora dos meus pensamentos. Amarrar-me à minha liberdade, sem considerar isso sobranceria ou capricho. Apetecia-me ser como o balão encarnado que se solta da mão do miúdo na varanda e se afasta com destino incerto em direcção à imensidão do céu que nos abriga. Se fosse impelida pelo vento, não sentiria o peso das minhas indecisões. Se me desprendesse da mão de alguém, porque tinha que ser, não sentiria saudades. Voaria apenas para longe do alcance do olhar que tenta beliscar o horizonte.
Quando vou espreitar a minha varanda, gostava de me observar do outro lado da janela. Queria fazer a leitura de alguém que não está a dormir e enumerar motivos imaginários, com a segurança de desconhecer o verdadeiro.
Às vezes gostava de ignorar aquilo que institui como meu, aquilo que me prende pelo olhar, aquilo que me chega pelo tacto do coração. Gostava de tomar a forma do balão e ir ancorar num qualquer recanto inóspito, inexplorado, solitário. Contudo, se me tento afastar de mim, intempestivamente volto a mim e agarro aquilo que de mim ameaça fugir e acaba por não haver libertação possível.
Nesta noite que corre atrás da madrugada, não me aproximo da varanda e vejo a praceta dos infelizes que não dormem porque se afastaram de si sem se soltar. Interrogo-me: será o sono deles alguma vez tranquilo? Em formato de balão mal enchido, vagueio até à varanda e já não vejo nada.
Estarei já do outro lado a observar-me com distanciamento e objectividade? Ou apenas estarei deste lado, anestesiada pela melancolia da música, tentando abraçar a liberdade do não pensar, do não sentir?
Esvaziada de palavras, crescem cá dentro os silêncios como castelos de cartas: construídos em bases frágeis que explicam o imediato e completo desmoronamento. Agora, sendo impossível estar em ambos os lados, troco o relógio pelas horas. Esqueço a vontade de partir sem sair daqui, pois já fui e não voltei.
Como gostava de me refugiar fora dos meus pensamentos. Amarrar-me à minha liberdade, sem considerar isso sobranceria ou capricho. Apetecia-me ser como o balão encarnado que se solta da mão do miúdo na varanda e se afasta com destino incerto em direcção à imensidão do céu que nos abriga. Se fosse impelida pelo vento, não sentiria o peso das minhas indecisões. Se me desprendesse da mão de alguém, porque tinha que ser, não sentiria saudades. Voaria apenas para longe do alcance do olhar que tenta beliscar o horizonte.
Quando vou espreitar a minha varanda, gostava de me observar do outro lado da janela. Queria fazer a leitura de alguém que não está a dormir e enumerar motivos imaginários, com a segurança de desconhecer o verdadeiro.
Às vezes gostava de ignorar aquilo que institui como meu, aquilo que me prende pelo olhar, aquilo que me chega pelo tacto do coração. Gostava de tomar a forma do balão e ir ancorar num qualquer recanto inóspito, inexplorado, solitário. Contudo, se me tento afastar de mim, intempestivamente volto a mim e agarro aquilo que de mim ameaça fugir e acaba por não haver libertação possível.
Nesta noite que corre atrás da madrugada, não me aproximo da varanda e vejo a praceta dos infelizes que não dormem porque se afastaram de si sem se soltar. Interrogo-me: será o sono deles alguma vez tranquilo? Em formato de balão mal enchido, vagueio até à varanda e já não vejo nada.
Estarei já do outro lado a observar-me com distanciamento e objectividade? Ou apenas estarei deste lado, anestesiada pela melancolia da música, tentando abraçar a liberdade do não pensar, do não sentir?
Esvaziada de palavras, crescem cá dentro os silêncios como castelos de cartas: construídos em bases frágeis que explicam o imediato e completo desmoronamento. Agora, sendo impossível estar em ambos os lados, troco o relógio pelas horas. Esqueço a vontade de partir sem sair daqui, pois já fui e não voltei.