Um casamento não pode ser a solução para a solidão!

06:21

Aquele matrimónio fora mais a inevitável união de duas pessoas solitárias do que um acto de amor.” (Rodrigues Carvalho in “Destinos Traçados”)

Os tradicionais matrimónios convencionais não estão a desaparecer, mas a aparecer com contornos mais bizarros e subtis. Quantas vezes assistimos a união de duas pessoas que o fazem em último recurso, para combater a solidão a que parecem estar votadas.

Continuo a defender que um casamento deve ser acima de tudo um acto de respeito para com o Amor em si. As pessoas não podem auto-flagelar-se mediante o pretexto de ter algumas afinidades com a outra. Isso é insuficiente! Não basta gostar, é preciso sentir a outra pessoa como a outra parte de nós, sem a qual somos incompletos. Por isso a decisão de casar ou não deve ser bem ponderada, pois é algo no qual eu acredito que há uma seriedade que a cada dia que passa é desvalida.

O sacramento matrimonial subtraído da tradicional conotação religiosa, simboliza a entrega mútua entre duas pessoas, porém isso não implica que se abdiquem dos sonhos pessoais nem dos interesses individuais. A diferença é que agora é suposto serem partilhados. Quando se constrói um amor sobre o espectro da solidão ele é fraco. Um acto de amor faz com que os participantes do mesmo se sintam sozinhos quando não estão com a pessoa que amam e não que se sintam igualmente sozinhos quando estão com o cônjuge.

Para um casamento resultar a solução passa por respeitar uma certa distância entre o espaço de cada um dos elementos. Invadir o espaço da outra pessoa, arrancando-lhe as resistências de expulsar todos os seus pensamentos, obrigar a um relatório de cada passo que se dá, pressionar no sentido da insociabilidade com os demais, exigir a presença incondicional, uma perspicácia perceptiva e um conhecimento quase absoluto é como que assinar a sentença de morte. Nenhum casamento sobrevive assim.

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