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Vagueio pelas ruas apinhadas de gente apressada.
Tenho a cabeça ocupada com futilidades
E o coração diagnosticado como vazio.
Visto-me de invisível e deixo-me ir…
Alguém me telefona a pedir para não mentir,
Mas como se hoje, a minha vida foi alterada?
Percorro as ruas, na tentativa de me curar
Dessa paz inquietante, dessa luz difusa,
Desse som estranho, disso tudo que me fere.
Cruzo com caras desconhecidas. Estou confusa!
Não me interessa se há alguém que me quer
Para lhe embalar os sonhos desfeitos!
Não posso porque já tenho as mãos envelhecidas,
Por isso nem pego na minha caneta preferida
Para retribuir as cartas esquecidas
Lá no fundo da caixa de papelão.
A herança dos amores passados é a névoa
Que torna difícil desfazer o puzzle incompleto.
Gosto da desordem das suas peças desmontadas,
Das múltiplas vozes que emanam desse caos
Que ficou dessas histórias escritas com o coração.
E dos dias que já foram, ficaram as saudades.
A recusa dos apelos do presente é a prova
De que a energia de amanhã cede já à comoção.
Chamam-me pelo nome que é meu e que eu já esqueci.
Tenho que devolver a pseudo-identidade à loja do não-ser
E soltar as amarras que me prendem a quem não pertenço!
Detesto ter que pincelar a realidade com tons cinzentos
Faz-me falta a vivacidade e a intensidade das cores quentes!
Desejo a sofreguidão pelos dias solares…
Só preciso da alegria de um acaso feliz.

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