Férias!

12:20

Cancelo a ligação. Desligo o computador. Fico anestesiada com a ausência de preocupações na minha cabeça. Acabaram-se as pressões dos exames e dos prazos de entrega de trabalhos. Reanima-se a vontade fatigada, enquanto rodo na cadeira, o corpo cansado. Pesa-me esta leveza de já não ter que fazer nada. Desbloqueio-o o telemóvel e anuncio a boa nova: estou de férias, finalmente!

A parecer que não, estudar exige muito de nós. Parte do nosso tempo (grande parte, por sinal) é ali empenhado, em trabalhos e em exames, sem grandes certezas se virá a ser devidamente rentabilizado. Abdicamos de estar com a família e com os amigos, abdicamos de fazer o que mais gostamos, em função daquilo que ainda temos que estudar e/ou fazer para acabar o que está pendente.

Levanto-me. Caminho energicamente para expulsar a euforia que me percorre. Vou cumprir o objectivo de doar ar aos meus pulmões sem opressões no peito. Só quero poder respirar em liberdade o ar fresco da madrugada.

Muito tempo se pendurou nos rápidos movimentos do ponteiro das horas. Posso agora soltar o relógio de pulso e observar as estrelas, demoradamente, sem entender o tempo dispendido como perdido. Embalo a fadiga no baloiço de repouso e puxo para mim o cobertor de ar frio que se estende pelo jardim escurecido.

Silêncio. É no fundo isso que procuro para calar os gritos automatizados do meu cérebro, que continua a emitir ordens que já não precisam de ser cumpridas. Já não preciso de me ir deitar porque amanhã é mais um dia que tenho que acordar cedo; já não preciso de ir comer qualquer coisa porque estive muitas horas sem o fazer; já não preciso de desligar a estação de rádio que está a difundir dance music, porque isso apela à minha desconcentração; já não preciso de desligar a televisão antes que os anúncios publicitários acabem, para não cair na tentação de ficar a ver o filme que vai passar a seguir; já não preciso de estar "offline" só para evitar distracções que me possam desviar daquilo que ainda tenho que fazer; já não preciso de parar de ler o livro naquela parte mais emocionante só porque amanhã terei o estudo à minha espera e convém que a minha mente esteja relaxada.

Acabaram-se as alucinantes e frenéticas viagens em menos de 24h, percorrendo muitos quilómetros, acelerando ainda mais o ritmo para fazer todas as coisas que não podiam ficar por fazer. Acabaram-se as correrias e as contrariedades por uns tempos. Agora é uma nova era!

Amanhã vou dormir toda a manhã, sem pressa de acordar. Depois de almoçar vou gozar este tempo fantástico! Vou passear, descansar, escrever, trabalhar para o bronze, ler, ir aqui e ali, ver as banalidades televisivas, passar horas a teclar, etc. Se não tiver tempo de fazer tudo isto amanhã, não há stress, continuo nos próximos dias!

Por enquanto, vou ficar mais um pouco a olhar para o céu. Aproveitar este momento tardio da noite, em que se encerra um ciclo e se principia outro (que esperemos que venha a ser tão favorável como o desfecho do anterior).

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