Prioridades (in)vertidas

16:46

Os afazeres académicos, profissionais, domésticos, sociais entopem-nos a agenda de dias banais. Vamos cedendo a convites, a eventos, a marcações, sem permitir que a verdadeira vontade intervenha.

Frequentemente, há coisas combinadas ou vagamente faladas que nos impedem de estar com pessoas importantes para nós. Dessa forma quase desinteressada, sentimo-nos a esvaziar. A carência de emoções autênticas passa a preencher as páginas da nossa vida.

Há dias que são verdadeiros pontos de confrontações interiores entre o que temos que fazer e o que deveríamos fazer. De um lado, aquilo que sabemos que nos faria certamente mais felizes no momento que respiramos; do outro, aquilo que esperamos que, um dia, venha a justificar certas decisões.

Sempre quis ter tempo para estar com quem gosto, sem prazos. Todavia, quando as solicitações eram várias, ressurgia o sentimento de frustração por não conseguir chegar a todos no tempo devido.

Percebi demasiado tarde que não consigo atender às atenções indirectas que me exigem. Falho no modo como não me entrego. Desenvencilho-me mal das desculpas reais. Há quem as julgue inverdades e têm toda a legitimidade, porque também eu gozo do mesmo direito para as assumir e, simultânea e contraditoriamente, as repudiar e me envergonhar delas.

Terei deixado que muita coisa se tivesse sobreposto. Agora, respeito os meus limites, por mais que poucos se dêem conta. As tarefas que me roubam tempo, que são exigentes, que me esgotam a paciência e me pedem perseverança, escravizam-me. Porque as faço? Isso é simples. Há sempre uma razão íntima, fútil ou nobre, que me move para a sua concretização e que faço questão de conservar secreta.

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