Amor ternário

05:43

Só peço que consigas fazer com que a intensidade do teu amor por mim resista ao tempo. Só quero partículas desta felicidade que me ofereces no porvir mais longínquo.

Quero que mantenhas o olhar ardente e a boca desejosa de tocar o meu sorriso inocente quando houver rugas a abraçar-me as pupilas. Quando deixares de ver em mim só perfeição e descobrires os defeitos que todos temos, espero que o teu amor se aguente.



Dizem que, nos primeiros tempos, a paixão vale por si. Com o fluir inexorável do tempo, ela exige que haja algo que a sustente, seja o calor de um sentimento de protecção, seja o receio de perder, seja o medo inconfessado da solidão. Eu acredito que ela resiste pela sua força imanente, atravessando diferentes épocas.

Quando nos julgamos seguros do amor da pessoa com quem já estamos há tanto tempo, tendencialmente, começamos a acomodar-nos, a descuidar, a prestar menos atenção aos pequenos gestos que antes surtiam grandes efeitos, a deixar de sentir aquele ciúme controlado. No fundo, a desaprender o manancial do romantismo.

Pensamos que, nesse terceiro episódio cronológico, o amor continua ali, bem à nossa beira, sem nos preocuparmos sequer em saber se ainda nos pertence. Assumimo-lo como uma verdade axiomática.

Alguém já o disse: amar significa nunca deixar de ter medo de perder, nunca deixar de olhar como se fosse a primeira vez, nunca deixar de cuidar como aquando da conquista.

O tempo, sei-o hoje, pode desvirtuar até os sentimentos mais duradoiros. Desejo, portanto, que me ames a três tempos, desse modo incondicional com que acabas de o fazer.

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