A força perversa do símbolo europeu

15:51

Por norma (quase mesmo sem excepção), a qualidade fica em cativeiro para sobreviver neste mundo de obstinados pelo vil metal. No convite que me endereçam, está previsto um vasto banquete em que se servirão (bem quentes!) caprichos e prepotências gourmet. Ao serão, haverá um sarau de discretas vaidades e emplumadas veleidades. Obviamente, não hesito em decliná-lo. A bem dizer, continuo a preferir os piqueniques de improviso, com amigos a ler poesia.

Hoje pedem-me para ser razoável e compreender os problemas de uma conjuntura global e transversal. Bem sei que me querem como cúmplice nessa conivência ignóbil que devasta valores sem dó nem piedade, decepando-os pela raiz.
Escher

Atiram-me com o amanhã, que poderá trazer novas oportunidades. Contudo, ele é sempre demasiado longe e incerto. Por isso, somos desafiados a enfiar, debaixo do colchão, princípios estruturantes para simular um sono tranquilo.

Só que enquanto andamos em estado de vigília, não nos sentimos nós. Somos apenas marionetas sem o assumirmos diante do espelho que nos devolve a imagem da nossa cara a pingar de água quando a lavamos pela manhã.

E todos abanam a cabeça, encolhem os ombros e aceitam para continuar. Aceito que alguns tenham essa atitude por não terem alternativas que façam face aos encargos que não podem delegar em terceiros.

Critico quem, podendo, fica indiferente. Não reage. Não age. Apenas deixa andar ao deixar-se andar. Na verdade, são esses que me envergonham enquanto profissional e, principalmente, enquanto seres humanos.

Pois são esses que são capazes de se vender por nada, queimando confianças, esquecendo laços, procriando pequenos nichos de conveniências futuras ou, às vezes, meras possibilidades delas.

Vão andando por aí, discretos, sorrateiros, infames. Vão andando por aí, silenciosos, perigosos, tão repulsivos como ratazanas num casario abandonado.

Muitas organizações, sem lei nem rei, abrigam pequenas ratazanas que, um dia, quando tudo não for mais do que sombras de ruínas vão ter que enfrentar ratazanas maiores e mais ferozes. E, aí, vão recuar e enfiar-se, certamente, em algum buraco. Desses que, infelizmente, também pululam por esse mundo que gira em torno de um símbolo que une um continente, desunindo os seus habitantes.

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