Madrugadas espoliadas

14:15

As luzes fracas sobre os sofás pretos. O nevoeiro tabágico a dificultar as percepções. Os reencontros intermitentes do fim-de-semana.

Por hábito, necessidade ou ritual, marcamos a hora e escolhemos o sítio, sabendo quem vai chegar atraso, quem virá acompanhado, quem entrará despistado.

Acabamos por esmiuçar a noite, devagar e com euforia. Contamos os contratempos, ocultamos as evidências, falamos de futilidades, calamos as ausências.


Já foi tempo de haver ares resolutos, denunciando atitudes de confiança no porvir. Foram-se perdendo as ingenuidades e as fantasias; formatando as controvérsias; zelando pela aparente normalidade.

Às vezes, sabemos que será mais uma noite banal, no sítio do costume. E que dela resultará o peso da vacuidade e a angústia das conversas inexistentes. Mas não condescendemos recusas.

Enquanto conjugamos os copos com os risos, sobram sonhos vencidos e esperanças bailarinas. E, nos destroços dessas madrugadas, emergem as saudades vadias para inquietar o sono.

You Might Also Like

0 apontamentos

Total de visualizações

Procurar no blogue