Porvir

15:25


Nesse futuro que havemos de viver, teremos serenidade a perfumar os dias desempoeirados.

Ficaremos enjoados de televisão, computador e telemóvel, da pressa, do conflito, da competitividade que hoje nos impõem, dos lembretes e das anotações, da lista de compras e da agenda sem espaços em branco.


Voltar-se-ão a ouvir os risos das crianças a brincar na rua, a correr atrás da bola ou a jogar ao peão. Voltar-se-ão a ouvir as discussões à volta de um jogo de cartas, no final da tarde, enquanto se aprovam os petiscos que repousam sobre a mesa.

Haverá energia para acordar bem-disposto, para explorar os recantos e os poemas, para encarar quem se cruza connosco e dar os bons-dias, para fazer compras nas mercearias, para cuidar das flores, para empurrar os nossos filhos no baloiço ou ajudá-los com os trabalhos de casa.

Haverá tempo para deixar de desejar que o cheiro a bolo de laranja, ao domingo à tarde, venha da porta ao lado. Seremos, pois, convidados bem-vindos, depois de tocar à campainha.

Soltaremos gargalhadas, respiraremos profundamente e abraçaremos esse pôr-do-sol por fim.
Refugiar-nos-emos para escrever, para apreciar a solidão sentida de coração cheio.

Haverá tempo de acender a lareira, ficar junto de quem gostamos e ter apetite de conversas longas.

Provaremos que o nosso lugar é neste tempo feito de alma, que hoje como antigamente desejamos com a mesma intensidade.

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