Anoitecer citadino

16:33

A abóbada celeste cobre-se penosamente com o seu manto escuro - a invariável indumentária da noite. O espaço infinito, anteriormente, clareado pela luz ofuscante do sol reveste-se, agora, de escuridão… Com o reverso obscuro do dia, o vigor e a alegria dão lugar à melancolia e aos prazeres nocturnos. As estrelas luminosas vão surgindo no firmamento, numa aparição lívida, estranha, misteriosa e sobrenatural.
Cá em baixo, a vida terrena continua. As luzes acendem-se, lembrando estrelas artificiais terrestres, que vencem o negrume para anunciar a agitação e animação da noite. A circulação de automóveis aumenta, num movimento repentino e ruidoso, inconveniente e incómodo. Os centros comerciais atraem um número elevado de pessoas, que se entregam ao materialismo e ao consumismo exacerbado. As várias lojas assistem a uma enchente de gente, que se apodera de todo o espaço disponível.
Os bares e cafés conquistam as preferências de muitos jovens e adultos. As bebidas surgem, os amigos ou conhecidos aparecem. Aqui predomina o diálogo, a euforia e a boa disposição. Ouvem-se risos… Apreciam-se olhares sorridentes… Celebra-se a Vida com a melhor companhia possível!
As discotecas entusiasmam pessoas de todas as idades, que “curtem” à brava, que libertam tensões acumuladas, que descarregam a adrenalina. Nestes locais, o espaço escuro, fracamente iluminado por luzes coloridas e brilhantes, coaduna-se com a noite lá fora…
Nas ruas praticamente desertas, vagueiam os marginais, os que optaram por um rumo divergente da vida ou, simplesmente, os que sofrem, os que são perseguidos pela solidão, os que se filiaram na revolta, os que foram adoptados pela tristeza... Aqui reina o silêncio, o eco do silêncio das estrelas e a sombra da noite. E será sempre assim… o sopro do Amanhã.

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