Um poema à poesia (e não só!)

09:08

Em dia mundialmente consagrado à poesia, não podia deixar de destacar a beleza das palavras compiladas num fundo de subjectividade, envoltas numa harmonia contrastante; onde o sentido se descobre em cada um de nós, em cada uma das vidas que o decifra… é o poder do lirismo a despertar!
As fronteiras da poesia diluem-se a cada instante, confundem o princípio e o fim, abrem novos horizontes, dissolvem tempos e misturam sentimentos… Nos gestos mais banais do dia-a-dia há uma poesia escondida, uma poesia sublime que só alguns percepcionam e celebrizam, os outros descobrem-na através dos primeiros.
Neste Dia Mundial da Poesia, deixo-vos com um poema do tempo em que ainda tinha inspiração para isso…

Princípio ausente e Final suspenso

Nasceu com esplendor, na inexistência do conhecimento do mundo,
Relutante à simplicidade, aliada aos caprichos da ímpar singularidade.
Divinamente extinta do domínio externo e naturalmente evidente no profundo
Do enredo da vontade, na indefinição do desejo, no ser da interioridade.

Assistimos, com resignação, à sua presença, à sua passagem e à sua conclusão,
Aos seus estragos, aos seus regozijos, aos seus danos, impotentes permanecemos…
Dificuldades mascaradas nos impõe, com índole de verdades elementares de ilusão.
Por sinceridade e frontalidade pecamos, de hipocrisia e ironia carecemos…

Cresce fingidamente e da autenticidade e sensibilidade da vida se apodera.
Alimenta-se, inabalavelmente, da extravagância e da podridão preocupante,
Desenvolve-se, disfarçadamente, e da salvação da morte, imperatriz se torna,
Vive impunemente, obscurece a luz da felicidade, suprime a pureza inquietante.

Em nós, deixa marcas inerentes à própria condição delirante de sentir…
Que, de imediato e involuntariamente, se estendem à melodia do sorrir.
A saudade do passado, a nostalgia do decorrido filtraram o recordar.
Num instante, alarga-se o mesmo teor, triste e ardente, ao olhar…

Morrerá sem expirar e com supremacia. Na realidade, terminará com a própria Vida…
Cessará com a beleza da safira, da rosa, do cristal, do mar, da esmeralda.
Ela que impulsionou a perfeição da miséria, o oculto da perdição, a dor da ilegalidade.
Ela que reacendeu, nas relações humanas, cinzas de frustração pela suposta infelicidade…

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