Quando afinal estamos longe de conhecer alguém

09:39

Hoje pergunto-me como é possível andar-se tanto tempo a pensar que se conhece minimamente alguém e, depois, bastam uns dias para descobrir o contrário?! Porque é que tiveste que te afastar tanto daquilo que eras?! Não podes ter mudado tanto ou sou eu que já não te reconheço… Ou talvez nunca te tenha conhecido como pensava.
O que é feito daquele sorriso aberto com que era evidente, para mim, a alegria que o nosso encontro (ocasional ou não) envolvia? Para onde atiraste com a simplicidade da tua maneira de ser? Perdeste a capacidade de ver o que está para além do que te é dado a ver?
És agora indiferente ao que verdadeiramente importa na vida e tenho pena que não tenhas criado a imunidade suficiente para te esquivares à superficialidade dos outros…
Para que encomendaste à hierarquia da rude altivez esse olhar superior? Que acessório é esse que usas para mostrar o que não és (ou que eu prefiro continuar a defender que não és assim)? Mas que arrogância nos gestos é essa? Porque finges um bem-estar que não tens?
Detesto as mudanças obsessivas que só têm como fim uma aparência. Quero-te de voltas como eras! Quero (e preciso) poder acreditar que as pessoas podem conhecer as outras sem se decepcionarem mais tarde.
Como pudeste esquecer que quando te sentiste abandonada eu ajudei-te a procurar um equilíbrio na corda bamba; quando te magoaram mostrei-te que não podemos viver com o peso de não perdoarmos por orgulho; quando cambaleaste, aproximei-me e agarrei-te a tempo para evitar uma queda; quantas vezes cedeste aos teus impulsos e eu estive lá para te responsabilizar das consequências?! Tantos momentos de partilha para agora tudo se esfumar em amnésias convencionais. Já não posso com o teu silêncio e com as tuas palavras sem sentido, pronunciadas por obrigação social e não por ordem da tua vontade como antes.
Tenho pena que nos tenhamos afastado tão repentinamente. Diz-me o que falhou! Volta a dizer-me o que sentes e não transformes as construções em que nos empenhámos, com esmero e dedicação, em frágeis e vacilantes castelos de cartas... Tenho esperança que percebas que por mais que tentes não te dar a conhece como realmente és, haverá sempre alguém que pode fazer o mesmo contigo... Tenta imaginar como te sentirás.
Não te estou a cobrar nada nem tão pouco a exigir, apenas a alertar-te para que não percas as pessoas que gostam de ti. Por tudo aquilo que tu sabes e que ficou entre nós é que me recuso a aceitar que a tua indiferença forçada em relação a mim seja algo de casual e conformista. Para mim é muito mais que lamentavelmente triste.

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