«Sem mim»

16:25

É a minha leitura mais recente. Um romance de Marie Desplechin, cujo fio condutor é uma verdadeira lição de vida. A simplicidade da linguagem facilita a compreensão do enredo. Acima de tudo, este livro mostra que aprendemos sempre algo com aquelas pessoas que julgamos nada terem para nos ensinar. Daí a inevitabilidade da tolerância para aceitarmos os outros tal como são, ainda que questionemos e discordemos das suas opções de vida.

Algures no livro está presente esta ideia: às vezes, é preciso permanecer e lutar, porque não se consegue andar sempre a fugir. Efectivamente, quando algo escapa ao nosso controlo, põe em causa as nossas convicções mais profundas, faz balançar os princípios estruturais da nossa personalidade, é preciso re(descobrir) a nossa força para enfrentar os obstáculos e, desse modo, rejeitarmos a fuga, a alienação. É admirável o alento que se pode esconder por detrás de um sorriso num rosto maltratado, ferido e revoltado com a vida.

Nestas páginas sublinha-se, principalmente, a importância de acreditar na mudança, resoluta e definitiva, das pessoas (mesmo daquelas que conhecemos menos bem) e, apesar de todas as evidências que possam denunciar o contrário, é imperativo acreditar na sua força de vontade. Pois, as verdadeiras mudanças operam-se, primeiramente, dentro de cada um, e em relação a isso pouco interessa o que os outros pensam, comentam ou esperam. Porque é importante alguém acreditar em nós, nas nossas capacidades, na nossa maneira de ser. Porque é importante um voto de confiança para nos fazer ir em frente com passadas curtas, mas seguras!

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