Desejo

04:16

Acordei a meio da noite a precisar de um regaço. Acordei do sono leve. Adormeci teimosamente para não pensar nas carências, nos restos que sobraram desta sequência homogénea de dias, desta nulidade de realização. A realidade exige a minha consciência dela e não consigo dormir mais. Abro a persiana e vejo o sossego da cidade. Interrompido pelo barulho de um ou outro carro que circula de madrugada. Os bancos da praceta já estão desocupados e talvez também anseiem por companhia, que virá com o novo dia. Olho o céu, escuro e sem estrelas. A velha companheira de estrada vem ao meu encontro e não posso esquivar-me. Traz os braços abertos, prontifica-se a apertar-me neles. Não desejei a sua presença. Nesta noite amena, sinto-me triste e preciso tão somente do teu abraço e do teu sorriso. Queria-te aqui para sentir o bem-estar que me foge.

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