“O Fogo e o Vento”, de Susanna Tamaro

10:28

Já há algum tempo que andava para vos recomendar a leitura deste livro. É apenas centena e meia de páginas, cuja leitura se torna desejável que seja ininterrupta. Neste livro, a escritora italiana sublinha a importância e a necessidade de estarmos sempre em estado de alerta em relação a tudo aquilo que nos rodeia. Este livro ajuda-nos a perceber o esforço é de cada um de nós para não permitirmos que a sociedade materialista e trivial nos corrompa. Há que permanecermos fiéis àquilo que somos! Há que reconhecer o risco de sermos diferentes e assumi-lo! O que desejo é que o vento da sinceridade ateie sempre a chama dos verdadeiros sentimentos e que esse fogo nunca se extinga; antes pelo contrário, à medida que o tempo for passando, espero que se torne gradualmente mais vivo!

Um dia disseste-me que admiravas a minha capacidade para cuidar das coisas, a constância com que o fazia. Efectivamente, sem constância, sem dedicação, não se consegue nada, seja em que domínio for. Não se pode estudar uma língua, plantar um pomar, cultivar uma amizade, construir uma casa. A perseverança, atenção não são dons inatos, são um caminho que se aprende a percorrer.

Mas são justamente estas três condições que nos ajudam a escolher o melhor caminho. A imobilidade, a paciência, o silêncio. (…) Porque as escolhas constroem um percurso. Um percurso que se revela cada vez mais duro do que deixarmo-nos simplesmente levar pela corrente.

Qualquer transformação é um movimento que parte do interior para o exterior.

O caminho espiritual autêntico não conhece o conforto da companhia, nem a tepidez do consolo. É nudez, solidão, aspereza, desespero na tempestade, sem faróis no horizonte. É a madeira do teu barco que se afunda no abismo, o nada que o tritura, juntamente com os teus ossos. Mas esse nada não é o nada dos filósofos. Quanto mais o enfrentares, mais descobrirás que é um alimento, uma rocha. A rocha que há tanto tempo procuravas para construíres a tua casa.

O livro termina assim:
O caminho interior lembra o trabalho que os homens antigos tinham para acender o fogo. Bate-se repetidamente com uma pedra noutra pedra, sem parar, até jorrar uma faísca. Para nascer, o fogo precisa de madeira mas, para alastrar, tem de esperar pelo vento porque, sem o fogo – o fogo do Amor – e sem o vento – o vento do espírito – os nossos dias não diferem muito de uma prisão medíocre.

Susanna Tamaro in "O Fogo e o Vento"

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