Maresia Persistente

04:24

Prolongando, paulatinamente, o meu sereno e recôndito olhar
Para o único elemento que une a terra ao Céu: o Mar,
Medito num impulso banal, o longo e íngreme caminho a percorrer
Para interiormente crescer, desprovido da necessidade vital de o esconder…

E sufocada pelos meus crescentes problemas interiorizados, tento respirar
A fresca e suave brisa irada que sopra, com o intuito de me libertar…
Observo então, com algum ciúme, toda a aparente e imperturbável quietude
Desta vasta porção de água transparente, da qual carece a minha juventude.

Mergulho no aliciante desafio de descobrir o que ninguém descobriu…
Não um amigo comum, mas sim um secreto e ilimitado confidente!
Que me escuta sem censurar, que me fascina, que comigo sente
E, que comigo não adulterou a infame verdade que não encobriu.

As ondas, cristalinas e imprevisíveis, elevam-se no vazio soberanamente…
Quebram-se, na areia fina e dourada, em algo mais que um contacto normal.
Um movimento singular que representa bem mais do que a rotina habitual.
Ondas demasiado agitadas denunciam a harmonia imperfeita inutilmente…

A areia onde estou sentada não é um mero sítio, é reconfortante,
Porque seca as minhas lágrimas inexpressivas, de perfil desconhecido…
Talvez consequência indirecta de alguém distante e nunca esquecido,
Que, teimosamente, tento afogar (como certas memórias), na dança ondulante.

Protegida avidamente pelas dunas, da industrialmente mecanizada acção
Humana, corroída profundamente pelo que está julgado como socialmente
Correcto; e cercada pela subtileza ímpar da praia despovoada, vagarosamente
Delicio-me com o horizonte: um mar indagado pelo idealismo da perfeição.

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