Qual será o futuro da rádio?
15:57Como será o futuro da Rádio face ao ininterrupto desenvolvimento tecnológico, que afecta todos os meios de comunicação, e ao facto dele poder prevalecer em detrimento do desenvolvimento humano? Talvez a resposta esteja no equilíbrio entre a ciência e a tecnologia, a economia e o desenvolvimento do Homem. Assim, o futuro radiofónico pode enveredar por dois caminhos distintos.
Segundo uma visão optimista, a Rádio, actuando na sociedade contemporânea, cuja avidez pela informação gera radicais mudanças em todos os media, sofrerá, nos próximos anos, uma viragem na sua História, mas num sentido positivo. Por exemplo, a utilização das novas tecnologias, tal como a Internet e o DAB, que tendem a proporcionar uma maior qualidade de vida e comodidade ao Homem, causam mutações nos conteúdos radiofónicos, quer jornalísticos quer publicitários. Inevitavelmente, surgirão, com a era digital, novos tipos de relações sociais, com particular relevância para a crescente interactividade entre o meio radiofónico e o seu universo auditivo.
De acordo com uma atitude mais céptica, os dias gloriosos da Rádio acabaram e a Rádio caminha progressivamente para a extinção, com a supremacia dos outros media. Os pessimistas defendem que com o advento das novas tecnologias de comunicação a Rádio em breve acabará. Mas, por exemplo, ainda hoje, a Rádio chega onde a televisão não chega; atinge populações, cujo taxa de analfabetismo é enorme e, por isso, é preferida pelo seu grau de acessibilidade e de compreensão, e a grande maioria dos acontecimentos mais importantes chega primeiro à Rádio, seja directa ou indirectamente, do que aos outros meios de comunicação social. O facto das pessoas ouvirem a Rádio via satélite ou pela Internet não significa que todas o façam, o que refuta o fim da Rádio. A mobilidade da Rádio também contraria essa ideia. De facto, a possibilidade do ouvinte ser acompanhado em qualquer sítio só é dada pela Rádio. Espaços pessoais (como o automóvel, o local de trabalho, a cozinha, a casa-de-banho, a garagem, etc.) são os predilectos para a audição radiofónica, onde a presença de outros media era difícil, dispendiosa ou impossível. A Rádio possibilita, ainda, conteúdos únicos, acompanhados no momento da sua ocorrência (por exemplo, relatos de futebol ou debates no Parlamento).
Na minha opinião, a rádio há-de existir sempre! Justifico esta asserção pela própria natureza alternativa da Rádio. Ao longo do tempo, desde o seu nascimento até à sua conversão em meio de comunicação de massas, a Rádio operou uma revolução enorme em todos os sectores da vida humana. E não é hoje um medium estagnado, imune aos avanços tecnológicos, cujo desenvolvimento acabou. Ela acompanha os novos tempos e adapta-se a eles, estando à beira de gerar uma nova revolução, que consistirá em se impor como um meio de comunicação que aumenta o seu raio de acção com o uso das novas tecnologias (Internet, DAB e RDS).
Partilho da mesma opinião que McLuhan, que defende que o desenvolvimento tecnológico tem que reverter sempre a favor do desenvolvimento do Homem. Para optimizar o processo de recepção é necessário adicionar à audição o fenómeno de uma posterior introspecção em relação ao que é escutado. Para mim, o mais fascinante na Rádio é a sensação de que ela fala para cada pessoa em particular, embora fale para toda a gente ao mesmo tempo. Esta sensação de identificação aliada às nossas necessidades, informativas e/ou de lazer, é o que nos impele a optarmos ora por uma, ora por outra estação radiofónica. Apesar de se tratar de uma experiência solitária, muitos ouvintes admitem não ter uma mera ligação utilitária com a Rádio, mas um relacionamento emocional. É neste contexto que a Rádio se diferencia dos demais, por causa do seu elevado grau de personalização e humanização.
Em suma, a Rádio transformar-se-á necessariamente para se adequar à nova era, tecnológica electrónica, mas jamais acabará! No entanto, quem vai definir a Rádio do futuro será a própria sociedade.
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