Para aqueles que serão sempre crianças!

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Pequenina. Frágil. Desprotegida. Ingénua. Espontânea. Alegre. Inocente. Pura. Assim é uma criança. Neste dia em que se assinala mais um Dia Mundial da Criança, espero que todos nós nunca nos esqueçamos de deixar viver a criança que ainda há em nós (de vez em quando, claro!).

Porque as crianças são sem dúvida o melhor do mundo, é nelas que encontramos a verdadeira sabedoria. Só as crianças conseguem olhar para a coisa mais banal do mundo e admirá-la como se fosse a mais importante. Contudo, quando se cresce, a rapidez dos dias e as adversidades da vida matam em nós essa capacidade de deslumbramento e de encantamento.

Já não temos medo do escuro, por isso já dispensamos que nos contem uma história para adormecer. Deixamos de acreditar nos finais felizes dos contos infantis porque já não somos capazes de sonhar sem limites. Já não calçamos os sapatos de salto alto da nossa mãe nem usamos a sua maquilhagem às escondidas para nos sentirmos crescidos, porque agora que o somos só desejamos voltar a ser pequeninos. Sabemos que não há fadas nem bruxas a ditar o nosso destino, mas acreditamos que nada acontece por acaso. Já não vamos ao circo ver os leões e os palhaços. Aos domingos de manhã já não acordamos para ver os desenhos animados. Já não imaginamos cenários de reis e rainhas em palácios e castelos. Perdemos as ilusões de encontrar o príncipe encantado que se transforma de um sapo feio, porque quando conhecemos alguém, primeiro avaliamos a imagem e só depois a essência.

Já nem sequer pedimos prendas ao Pai Natal, porque sabemos que ele não existe. Já não conseguimos comer guloseimas pegajosas e limpar as mãos à roupa. Já não nos descalçamos para caminhar na relva quando nos apetece. Já não cantamos enquanto passeamos na rua. Já não dançamos nas festas de final de ano, onde éramos o orgulho dos nossos familiares e amigos. Já não ficamos tristes porque o balão que segurávamos na mão nos escapou e voa para longe.

Correr e ficar sem fôlego para fugir do colega que ficou de nos apanhar é uma recordação distante. Deixamos de saltar à corda e ao elástico. Brincar com os legos, com as barbies, com os carrinhos, com as bonecas já não é passatempo. Andar de mão dada com os nossos pais já não nos dá a segurança de antes. Antes tínhamos amigos em todo o lado sempre na mesma filosofia de união pela brincadeira. Antes chegávamos à cama, cansados de mais um dia preenchido de traquinices, sem ter tempo ou consciência para reflectir sobre isso ou sobre o que ficou por fazer.

Agora que crescemos, perdemos muitos destes “hábitos”… Hoje gostávamos que alguém voltasse a tomar conta de nós e nos achasse sempre graça em qualquer situação. Porque uma criança é pequenina e tem sempre um sorriso aberto que nos desarma, achamo-la sempre o máximo, mesmo quando se comporta de forma contrária às nossas recomendações. Porque uma criança nunca perde a espontaneidade, mantém-se pura e nós sentimo-nos tristes porque nos deixamos corromper pela maturidade que nunca pedimos para ter. Porque uma criança confia sempre é fácil estabelecer laços afectivos, já nós temos sempre requisitos (mesmo que inconscientes) para estabelecermos qualquer tipo de empatia com o outro. A experiência fez-nos perder a inocência.

São as crianças que estão mais perto de viver em felicidade plena, porque acreditam que a vida só tem coisas boas, que as pessoas são confiáveis e que a concretização dos sonhos depende exclusivamente da força com que os desejamos.

Portanto, para ti, que “já és grande”, lembra-te que às vezes é bom voltarmo-nos a sentir crianças. Não evites a vontade de fazer alguma coisa tipicamente infantil de vez em quando; a criança que mora em ti agradecerá.

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