No café

18:04

E é ao som do piano que os anseios da minha alma falam e os sorrisos nascem puros. Uma ressonância das notas vindas do piano propaga-se no meu coração. É ao som desta música tranquilizante que relembro todos os bons momentos que já vivi. Só permito mesmo que o piano acorde essas lembranças. Esqueço as tristezas e as mágoas que já me despedaçaram os escudos da esperança.

Recordo-me de ti, de nós, de vós. Sinto que algo de bom cresce à medida que a música avança. Sinto-me bem, em harmonia e penso... Percorri trilhos que me conduziram a encruzilhadas, nas quais me senti desorientada, porém ao longe, algures num infinito soava a música de um piano. O impacto dela, a vontade de ficar imóvel a escutar, a fazer da mente um livro em branco, uma folha de rascunhos para projecções, um esquisso de dúvidas continuadas, um papel de registo de boas práticas perdidas. Nesses trilhos cruzei com várias pessoas, umas mais significativas que outras, mas nunca esqueço quem se cruzou comigo por aí, pelos caminhos labirínticos da vida.

É ao som do piano que recordo o que fizeram por mim para que hoje o meu sorriso seja puro ao ouvir este instrumental. Parte de mim, aquela mais profunda, mais desconhecida, quase inexistente para o domínio privado daqueles que me são mais próximos, parece mostrar-se quando escuto a música que se solta desse piano.

Há magia que vive em mim e me faz perceber que todas as provações que já me obrigaram a passar, que eu própria já me obriguei a atravessar, são tão pouco significantes para o cômputo global. Hoje, daqui, nesta cadeira confortável, a música tranquila vem encontrar-se com uma felicidade interior incomparável. É o som do piano, a sensibilidade das notas, a serenidade da música que abraçam o meu “eu” mais recôndito.

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