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Estou só cansada de lutar e não vencer. Abandonei-me às minhas fraquezas e depus as armas. Não pretendo tréguas, somente quero a paz do cárcere e a protecção das grades. Quero adormecer num colchão fino e desconfortável, mas segura. Não quero sentir o medo e o desespero de não saber fugir às investidas dos inimigos.
Estou cansada das guerras, das negociações falhadas, dos tratados de paz fictícios, das alianças sanguinárias, dos pactos fingidos. Preciso da paz dessa cela para tentar dominar os meus demónios – aqueles que foram nascendo como consequência dos traumas que vivi, dos dramas a que assisti e dos danos que provoquei.
Preciso de me ver privada da minha liberdade de movimentos para usar apenas a liberdade de espírito, que já há muito tempo anda presa a referências erradas.
Quero poder ouvir o sino dar as horas sem o som do trânsito a abafá-las. Não quero ver os rostos amigos, pois junto dos meus bens pessoais, quero deixar todas as minhas máscaras para me tornar irreconhecível (ou tão somente “eu”). São as máscaras que coloquei e as máscaras que conheci as armas mais letais, aquelas que mais ferem, as que matam ao primeiro golpe sem qualquer piedade.

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