Podemos aprender a amar alguém?

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Estamos sempre à espera daquela que acreditamos ser a pessoa certa, aquela que se enquadra no nosso estilo de vida, aquela que se possa tornar indispensável na nossa vida. Contudo, não passará isso apenas de um mito cultivado no inconsciente de cada um de nós pelos nossos pais, avós, amigos, livros, filmes e afins?

Conscientemente rejeitamo-lo, mas é porque ele existe em nós que continuamos à espera da pessoa certa, daquela que é compatível connosco, daquela que nos deseja como a perfeição, que precisa de nós como de oxigénio, daquela que nos coloca num pedestal e que, mesmo quando ele se desmorona, continua a olhar para nós da mesma forma contemplativa e incrédula de quem continua apaixonado a cada dia. Agora pergunto, será que já todos tivemos a oportunidade de pressentir que a pessoa certa já se cruzou connosco?

Continuamos à espera que essa tal pessoa apareça, sem nos tentarmos ajustar àquela que, de momento, é a pessoa que mais se aproxima daquilo que idealizamos. Os que preferem continuar à espera, vão intercalando a solidão com as relações fugazes e intensas, os compromissos vazios com as infidelidades.

Aqueles corajosos (e talvez sábios), que não conseguem viver sem amar alguém mesmo com a consciência que, de momento, a pessoa com quem estão não é a pessoa dos seus sonhos e dos seus anseios, são aqueles que aprendem a amar alguém e que conseguem ser felizes com mais probabilidade de sucesso do que aqueles que ainda não encontraram aquilo que procuram e que não têm garantia de existir nos moldes que delinearam.

Quais serão os exemplos a seguir? Não sei! Para mim, a ideia de aprender a amar alguém parece-me sempre menos romântica do que a primeira. Quando se ama alguém, aprende-se é a conviver com ela, a lidar com os seus defeitos e virtudes, a tolerar e a confiar. Porém, não será igualmente legítimo e meritório inverter a ordem? Convivendo com a pessoa, desenvolvendo a cumplicidade, conhecendo os seus defeitos e virtudes e, depois, aprender a amar é talvez mais seguro, mas menos “cego”, daquela cegueira que todo o verdadeiro amor nos provoca.

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