Melancolia outonal

16:37

Espero por mim sem a impaciência habitual. Atraso-me de propósito ou cancelo sem propósito. Afasto-me devagar da vertigem do sentir. Domino a vontade corrosiva. Agarro a possibilidade quimérica. Finjo ver o sol atrás dos óculos escuros. Deslumbro-me com o prazer ímpar das coisas simples. Desamarro as complexidades do encadeamento ilógico do raciocínio abstracto. Evaporo o peso das obrigações voluntárias. Liberto-me das contrariedades institucionalizadas pelas conjunturas. Acredito que sou capaz de me ajustar aos momentos confusos. Esqueço as mentes que se vitimizam sem terem sofrido. Minto para os tolos que preferem repelir as evidências. Arrasto o optimismo para a fadiga dos dias. Levanto os pés e pulo com esforço. Alegro-me com os sorrisos amenos de um Outono inundado de sol retardado. Vicio a expectativa entusiasmada. Ergo a bandeira da insistência até a enterrar no lugar inexplorado. Abro a janela do meu luar cansado. Disparo sonhos na direcção longínqua do querer. Queimo as mágoas e volto a plantar esperanças, só para sentir o doce sabor da sua existência fugaz.


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