Distanciamo-nos

09:36

Esta é a nossa realidade. Sem permissão ou jogo de conveniências, acabámos assim. Há uns tempos deixei de te reconhecer. Apenas isso. As tuas palavras, proferidas ou escritas, não se encaixavam na imagem que tenho de ti. Tempo ocupado ou mal gerido foi o argumento para te deixar partir sem que percebesses o verdadeiro porquê.

Uma manhã de sol frio, encostados a uma varanda, trocámos o primeiro sorriso. Nesta despedida, não houve sorrisos nem lágrimas derramadas para dentro. Contigo aprendi algumas coisas e descobri que, afinal, éramos parecidos em coisas essenciais. O valor das pequenas coisas, das coisas escritas, dos pensamentos confidenciados, dos gestos preparados que soam a uma falsa naturalidade que nos alegra.

Vieria da Silva
Ouvi as tuas confidências, sem me revelar. Talvez nunca compreendas porque o fiz assim e justificá-lo com “feitio” poder-te-á ter parecido ilegítima. A tua preocupação desmedida demonstarva um pouco do melhor que suspira em ti. O teu cuidado e zelo com os amigos fez-me perceber mais um ponto em comum, com a diferença que tu ainda não aprendeste a esperar pelas iniciativas do outro lado e as exijas sem o assumir. É preciso dar um fôlego a quem dás o teu afecto, para que este possa ser devidamente valorizado e absorvido. Se calhar este hiato de tempo me tenha servido para sentir a tua falta.

Tu não és o ser dos últimos tempos. Pelo menos não para mim. Vou guardar-te e pensar-te como de conheci no início. Tu és aquela pessoa simples, que vive em paz cada dia, que se entrega a quem gosta. Não és a pessoa distante, a pessoa calculista de um futuro risonho a médio-prazo. Tu és daqueles que ainda tem um sonho norteador e tem capacidade para lutar por ele. Não te desmarques disso, pelo menos para já. Não o enterres em ti.

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