07:19
Tira de areia lisa, com algumas pegadas ao longe. Uma genica incontrolável descola-se, de repente, do muro alto. Cá de cima, vejo apenas um casaco com capuz na cabeça e várias cambalhotas, muitas tentativas de pino e as suas consequentes quedas aparatosas sem danos.
Seguem-se as chamadas de atenção, os apetecíveis desvelos maternais, mas ela não pára. Continua e diverte-se. Está feliz como se trouxesse o sol pelas mãos e não tivesse medo de o escurecer com a areia com que o salpica.
Rebola. Ri. Tem agora as pequenas costas sujas e o biquini cheio de areia. Nada que a impeçam de brincar, correr e saltar. Não se cansa e sorri feliz, invejavelmente feliz...
Volto a cabeça e, do outro lado, uma criança sossegada. Está sentada na toalha enrodilhada, com um chapéu enfiado à pressa na cabeça. E porque está mesmo um dia a derreter de calor, as mãos gordas seguram o gelado com o formato de cone branco.
Segura a colher e come apressada. Alheada do balde e do moinho repousados. Fita, pontualmente, o azul que se estende à sua frente, sem o apreender. Volta ao gelado e deixa-se surpreender com a surpresa colorida que descobre no fim. Esboça um sorriso de alegria, incrivelmente genuíno.
Sem qualquer inocência, nestas observações involuntárias, é justo dizer que é bom voltar a ser criança através delas.
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