Linearidades

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Algumas pessoas caminham ao nosso lado por demasiado tempo, sem conseguirem entender que é preciso permitir que outros se juntem a nós. É dura a tarefa de aceitar e compreender que perdem a exclusividade numa área restrita.

Quem chega de novo desconhece que será bombardeado com estranheza e desconfiança. Vencido o desconforto inicial, a guerra não declarada. De um lado, os moldes das antigas cumplicidades ameaçadas, do outro, a inquietação pela mudança.

Na vida, o trajecto normal inclui paragens nas várias estações temporais e em outros tantos apeadeiros sentimentais. Reparamos, por acaso, nas cancelas que se baixam para que possamos prosseguir a marcha? Absorvemos as diferentes paisagens que se espreguiçam aos nossos olhos? Não. A concentração coronária recai sobre os companheiros de viagem, que nos ajudam a carregar as malas que transportamos. Por isso, é fácil resistir e difícil continuar.

Alguns percorrem carruagens connosco, fiéis seguidores de uma mesma rota. Os restantes vão ficando acomodados nos lugares, deslumbrados com aquilo que vêem pela janela, entretidos com os outros passageiros ou até alheados da própria viagem. Podemos sempre voltar a revê-los, se calcorrearmos os mesmos carris.

Um dia, podemos conhecer os maquinistas que nos guiam até ao nosso destino. Aí, queremos um relatório de todos os obstáculos do percurso, de todos os entusiasmos da velocidade, de todos os viajantes a bordo. Desejamos, a todo o vapor, a partilha de perspectivas sobre um mesmo rumo e as formas de o alcançar o mais depressa possível.

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