O apelo de um regaço

02:54

Vem cá. Senta-te aqui. Sim, ao meu colo. Não tenhas vergonha. Não fales. Tens que parar de evitar ouvir as vozes dos objectos que nos testemunham todos os dias.

Sei que hoje, particularmente, estás cansado e triste. Escusas, portanto, de me tentar convencer do contrário com esse sorriso repuxado pelas orelhas.

Não te mexas. Sossega. A calma da casa inquieta-te. Os ruídos externos soam longínquos. Remexeste, mas permaneces.

Ao fim de algum tempo, os teus sentimentos estremecem e agarraste a mim. Com força. Escondes o teu rosto nas minhas costas, encaixando o queixo trémulo no meu ombro pequeno.

Não dizes nada, nem precisas. Ficas só assim. Embalado. O tempo que quiseres. O tempo que levares até conseguires largar-me, evitando olhar-me, para te despedires com o habitual “já é tarde, preciso descansar, vou dormir que amanhã é dia de trabalho, outra vez”.

Kandinsky

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