Pré-requisito inevitável
16:27Ele olhou para mim com esperança de que, um dia, aquelas palavras pudessem ganhar eco através da minha esferográfica pousada sobre o caderno preto aberto. Interpelou-me na expectativa de uma resposta cabal ou talvez de uma mera intenção de acção.
Dizia ele que era bom que os jornalistas, um dia, falassem desse sistema de cunhas que condiciona o acesso ao mercado de trabalho. E lá foi discorrendo na sua argumentação. “Por um lado, propagandeia-se a mobilidade profissional, a necessidade de desempenhar competências completamente diferentes em todas as áreas, mas nunca ninguém diz o quão difícil é conseguir uma cunha para abrir uma porta na vida, quanto mais dez ou vinte para trabalhar.”
Defendia, convicto e esperançoso, que as chefias deviam controlar o pessoal responsável pela selecção dos recursos humanos a fim de evitar essas situações.
Só que, pobre amigo, como é que achas que alguém vai admitir que na sua empresa o factor C tem uma incontestável preponderância? O meio profissional, independentemente das áreas de actividade, está minado por essa teia de favores sustentada numa cadeia de conhecimentos oportunistas. Ele está feito para confiar mais numa recomendação vaga de alguém conhecido do que num currículo rico enviado por um nome que se escreve no anonimato.
As chefias, caro amigo, quis dizer-to, nunca poderiam tomar essa atitude que exiges, porque é nelas que tudo começa e se vai estendendo à base. São lá colocadas por um qualquer motivo e, raramente, o mesmo se prende com o mérito e/ou a dedicação.
Como podes imaginar que o jornalismo devia fazer algo para combater isso, se ele próprio não escapa a esse esquema?
E naquela sala, todos o escutaram e, certamente, por experiência própria ou conhecimento próximo, compreendiam bem o alcance daquela revolta face a esse pré-requisito que nunca se refere nos anúncios de emprego, mas que se percebe no momento das entrevistas. Contudo, nenhum de nós poderá fazer algo mais do que permanecer com os braços cruzados.
Dizia ele que era bom que os jornalistas, um dia, falassem desse sistema de cunhas que condiciona o acesso ao mercado de trabalho. E lá foi discorrendo na sua argumentação. “Por um lado, propagandeia-se a mobilidade profissional, a necessidade de desempenhar competências completamente diferentes em todas as áreas, mas nunca ninguém diz o quão difícil é conseguir uma cunha para abrir uma porta na vida, quanto mais dez ou vinte para trabalhar.”
Defendia, convicto e esperançoso, que as chefias deviam controlar o pessoal responsável pela selecção dos recursos humanos a fim de evitar essas situações.
Só que, pobre amigo, como é que achas que alguém vai admitir que na sua empresa o factor C tem uma incontestável preponderância? O meio profissional, independentemente das áreas de actividade, está minado por essa teia de favores sustentada numa cadeia de conhecimentos oportunistas. Ele está feito para confiar mais numa recomendação vaga de alguém conhecido do que num currículo rico enviado por um nome que se escreve no anonimato.
As chefias, caro amigo, quis dizer-to, nunca poderiam tomar essa atitude que exiges, porque é nelas que tudo começa e se vai estendendo à base. São lá colocadas por um qualquer motivo e, raramente, o mesmo se prende com o mérito e/ou a dedicação.
Como podes imaginar que o jornalismo devia fazer algo para combater isso, se ele próprio não escapa a esse esquema?
E naquela sala, todos o escutaram e, certamente, por experiência própria ou conhecimento próximo, compreendiam bem o alcance daquela revolta face a esse pré-requisito que nunca se refere nos anúncios de emprego, mas que se percebe no momento das entrevistas. Contudo, nenhum de nós poderá fazer algo mais do que permanecer com os braços cruzados.
Jackson Pollock
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