A ansiedade do reencontro

02:43

Estou desejosa de lhe voltar a pegar. Na bolsa, a caneta e o bloco são companheiros de viagem, inseparáveis e galhofeiros. No peito, mora sempre a vontade de os utilizar para absorver o que os olhos vêem, o que os ouvidos escutam, o que as mãos tocam, o que o nariz resgata.

Sei qual é o caminho. Procuro não me desviar, mas há também rusgas e perigos vários. Os dedos fogem do entorpecimento. Insiste-se na esperança de dias melhores para acreditar na sua concretização efectiva.

Então, ela regressa, assertiva e imprevisível. Quer, a todo o custo, fazer-se notar nas entrelinhas. E até entre os caracteres consegue espreitar.

Esta vontade ainda está cá e quer assentar arraiais. Tem força de seiva bruta e a persistência da ferrugem. E, depois, tem no papel e na caneta os escudeiros mais fiéis.

Nessa vassalagem, há trovas variadas, histórias de corredores que merecem ser contadas com todos os seus detalhes.

A pena usa tinta permanente para traçar os perfis captados no instante e para deixar passar as sensações, minimizando as emoções. Essas, ficarão para um outro registo, mais pessoal e intimista, que sustenta a vontade avassaladora que, às vezes, me toma as mãos de forma abusiva.


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