Breu deste lado

17:11

Tenho um medo visceral dos dias que vêm. Está escuro lá fora e sinto o medo que nunca senti em criança. Guardo estes medos para que me olhes e vejas a serenidade habitual. Porém, por detrás dos meus olhos, há lágrimas vertidas no silêncio de um quarto sem luz, que tem a  única janela virada para o mundo. Esse mesmo mundo que me assusta e me faz dar a volta à chave na porta.

Queria ficar aqui trancada e deixar que tudo lá fora se resolvesse como tem que se resolver, sem eu ter que ver para sentir. Não quero experimentar os reflexos deste medo que me tortura nesta noite densa. Volto a estar sozinha, como talvez nunca tenha deixado de estar. Regresso indesejado a uma dor lancinante, absurda, familiar. Ela protege-me ao vestir-me de medo.

Quero tanto vencer este medo do futuro e, amanhã, acordar e pensar que tudo não passou de um sonho mau, uma expressão tranquilizadora que nunca utilizaram comigo, mas que imagino um dia ouvi-la. Tenho realmente medo que as luzes se apaguem e que a aurora venha carregada de desespero oculto.



Ben Kaleb-Levi

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