À boleia da noite

17:29

As luzes do hospital lembram-me a urgência que continuo a ter de ti. Faço este percurso como tantas vezes. Porém, no mapa interior já não me movo com a pressa de antigamente. Sei que, quando rodar a chave na fechadura, não posso contar com a tua ansiedade em me ver, após breves minutos de separação.

A estrada quase fantasmagórica concorre com o vazio que deixaste. Porém, mantenho-me no teu rasto como se de uma condição natural se tratasse. Percebi que não importa não ter o teu abraço por perto quando todas as luzes adormecerem. 

O retrovisor devolve-me a imagem desse bloco de betão onde se procura curar ou atenuar as maleitas do corpo. E, ao volante, sei que este itinerário não me levará até ti… 

Nesta noite povoada de estrelas distantes, as solidões dos outros acumulam-se no silêncio de partilhas protocoladas, enquanto a nossa cumplicidade salta por cima das distâncias e nos aconchega a alma.

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