Pranto sussurrado

19:03

Ouço o soluçar do meu choro enquanto ninguém percebe. Quando me resta o abraço da solidão a aconchegar-me os vazios, penso nas velhas tristezas que me assolam pontualmente.

Há um silêncio maligno que se cola às palavras com que desvio a atenção dos outros. O mesmo silêncio que, quando todos se calam e vão embora, me sufoca o peito angustiado. Sinto, então, o peso deixado pelas ausências, pelas lágrimas invertidas, pelos sorrisos de fundo falso.

Quando tenho que partir, dói-me virar costas àquilo que construí. Ficam as alegrias multifacetadas e levo uma versão em formato reduzido. Quando tenho que suportar a falta de alguém, sinto a minha alma à beira do desespero, mas procuro ser tolerante. E espero sempre que tudo volte ao que sempre foi. Contudo, nos regressos, há versos e inconformidades, há saudades escondidas e barreiras erguidas.
Quando aprisiono as minhas necessidades sobre os cadeados da auto-suficiência, guardo em segredo as confidências que me prometeram fazer. Quando choro e não tenho ninguém que me conceda o calor de um regaço, recupero a justiça ditada pela consciência.

Só, no fim da noite, sinto-me a enfraquecer porque cedo a esse incomensurável fingimento que não interessa a ninguém, mas que simultaneamente tranquiliza todos.

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