Ledo recordar

17:56

A vida corre normal, desembaraçada e ronceira. Os passos que te vigio são assim: vagarosos e inconscientes nesse rumo por definir.

Eis que te sentas e recostas no banco de madeira carcomida pela passagem de tantos outros corpos amorfos. Repousas das fraquezas que não admites e respiras com lentor.

Reparas nos miúdos que dão vida ao parque. Ouves sem querer o rosário das conversas solarengas das jovens ou as memórias silenciadas e solitárias das velhas.

E, afinal, bastava-te apenas esse pedaço de paz, feito de sol e um rio a correr perto, para acalmar a vida de todos os dias. Num quotidiano preenchido por ausências. Essas que atiras para a gaveta emperrada das necessidades.

À medida que os pais envelhecem, que os irmãos crescem, que os amigos vão para longe ou desaparecem, que os colegas se revelam pouco fiáveis, estás só sem te dar conta.

Ao menos ali, os protagonistas são os de sempre, em rituais entranhados.

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