Rituais domingueiros

15:59

A luz coada pelas frinchas da persiana perturba a escuridade do quarto quieto. O despertador não toca, de propósito. Reina um silêncio apaziguador de todos os cansaços. E sabe bem esticar pernas e braços, demoradamente...

O almoço (de improviso ou confeccionado com todos os vagares e cuidados) chama à mesa os corpos ainda em pijama, com os pés enfiados em meias largas e os cabelos por pentear.

Lá fora, o sol espreguiça-se em todo o seu resplendor, convidando a uma saída. Os mais pequenos correm pela relva ou revelam as suas acrobacias no parque para que as mães, sentadas umas ao lado das outras num dos muros, possam observar. As esplanadas voltam a fazer as delícias de famílias, grupos de amigos ou casais enamorados. As conversas e os risos duram até ao ocaso que obriga à desmobilização, ao encalço da preparação de mais uma semana de trabalho ou de aulas.

Contudo, há um bafo quente que extravasa os fornos, as portas e enche o prédio de aromas adocicados. As bicicletas e os triciclos estacionados na garagem denunciam o final das aventuras coleccionadas no fim-de-semana. No fim, sobra essa preguiça que adia a leitura do novo livro, a visualização de um dos filmes em lista de espera, a redacção da carta prometida. E fica-se assim: escravo do descanso e da meditação.

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