Inventários iniciais

17:19

Uma saudade que desaba num dia que já foi vivido no plural, por entre brumas de algodão doce. Agora, já não estamos ao redor da mesma fogueira imaginária que nos aquecia nas manhãs vindas de noites inesquecíveis.

Uma tristeza que espreita num furação mnemónico que se sente no singular, por entre sombras de esperanças residuais. Agora, ainda existem registos dessas conversas de peito aberto que aconteciam quando havia abraços perfeitos, demorados, únicos.

Ausências. Justificações fáceis a par de sacrifícios inexistentes. Faltamos nós, companheiros da mesma estrada. Mesmo quando os trilhos eram divergentes, havia um ponto de encruzilhada em que tricotávamos promessas sem as chamarmos assim, com esta frontalidade.

Presenças resumidas. Circunstâncias pontuais conjugadas com adversidades favoráveis. Faltamos nós, paladinos da mesma filosofia. Mesmo quando as voltas se trocavam, havia algures um trampolim empoleirado para saltarmos de mãos dadas por cima dos imprevistos e cairmos com a certeza de nos levantarmos, embora não a admitíssemos com esta honestidade.

Será que todos os ciclos se findam nesta dialéctica de indiferença nostálgica?

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