Resgates

18:09

Procuramos sempre os sítios pelos quais passámos, as pessoas que um dia se cruzaram connosco, as sensações de outrora, o ritmo de tempos idos, as alegrias testemunhadas, os momentos de cumplicidade, a inocência de sabermos (afinal) tão pouco do mundo e da vida.

Mudámos de escola, mudámos de cidade, mudámos de visual, mudámos de várias formas. Hoje, reconhecemo-nos a custo e, muitas vezes, remetemo-nos ao mais cruel dos silêncios. Recriamos, com facilidade, uma indiferença que não se sente.


Parece que carregamos o peso de um mundo herdado sem consentimento. Seguramo-lo com os nossos pequenos corpos e já não sabemos cantar. As suas rotações são determinadas pela velocidade atípica de quem nunca quis crescer.

Apenas, na quietude dos intervalos, permanece imutável um sossego que imana dos instantes inscritos nesse passado que já nos soa remoto. Então, como escape, reconstituímos as boas lembranças, vezes sem conta, até ao limite da exaustão.

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